sexta-feira, 27 de maio de 2011

A quem interessa o desmonte do Código Florestal e a derrota do Governo Dilma na Câmara?

Infelizmente, apesar de toda mobilização da comunidade científica, ambientalistas e políticos comprometidos com a sustentabilidade de nosso país, a maioria dos deputados aprovou mudanças no Código Florestal, conforme relatório do Sr. Aldo Rebelo-PCdoB, que representa um retrocesso na legislação ambiental brasileira.

Em entrevista recente à Folha de São Paulo, o Deputado Federal Paulo Piau-PMDB, “autor da emenda que impôs a derrota ao governo na votação do Código Florestal”, conforme publicado, disse que o veto da presidente Dilma significará que ela está "se curvando aos interesses internacionais sobre a Amazônia".

Ora, o Sr. PP não ouviu a comunidade científica brasileira, nem as ONGs nacionais, nem os produtores rurais que defendem e seguem o Código Florestal, beneficiando-se de solo fértil e água em abundância, por preservarem as APPs, fontes de abastecimento para o campo e para a cidade, e por adotarem medidas sustentáveis na exploração das Reservas Legais, já previsto no Código original, porém pouco aplicadas pela grande maioria dos produtores e proprietários rurais.

Além disso, também não ouviu a própria Presidente Dilma, à qual deveria receber o apoio do nobre deputado, ao invés de tê-lo como um dos representantes do movimento que derrotou o Governo Federal na Câmara. Quem tem um aliado desse não precisa de inimigo.

O produto rural, principalmente o pequeno, precisa de políticas agrícolas baseadas em novas tecnologias, que aumentam a produtividade sem aumentar a área de produção. Não será diminuindo as áreas de nascentes, matas ciliares, veredas, topos de morros, às quais não podem estar sujeitas à exploração, como a própria EMBRAPA defende, que se resolverá o problema do homem do campo.

Passar de 30 para 15 metros as margens das APPs, terá um custo incalculável para o meio ambiente, para a sociedade e para o próprio produtor, pois recompor essa área no futuro, depois que a vazão dos afluentes e rios diminuir e o solo for prejudicado, além da própria fauna que se utiliza das margens dos rios, como corredores ecológicos, será tarefa, talvez impossível.

Como bem lembrou o ambientalista Ricardo Urias, da Ong Geração Verde, o planeta é um só, portanto, o Código Florestal Brasileiro é de interesse de todo o planeta sim. O que acontece do outro lado do mundo interfere aqui e vice-versa.

Portanto, as justificativas de Paulo Piau são, no mínimo, inconsistentes, e diante das inúmeras autuações do IBAMA a vários deputados federais, envolvidos em crimes ambientais, e que certamente defendem interesses de empreendimentos que também estão cobertos de autuações, o que podemos concluir é que o verdadeiro interesse de votar contra o Código Florestal, é o mesmo de praxe, o capital, isentando-os de pagar multas, e tirando-os da ficha suja e colocando-os na ficha limpa, com um simples gesto da caneta do poder, como o próprio Deputado disse à Folha: “transformar o produtor rural de inimigo do meio ambiente em amigo do meio ambiente”, simples assim, como toque de mágica.

Tenho firme esperança, porém, de que a Presidente Dilma vetará esse absurdo que o Sr. PP representa, ou quiça, o Senado possa realmente representar os interesses da nação, poupando o veto presidencial.

Quando por “interesses internacionais”, o mercado externo retaliar as produções brasileiras, oriundas dessas áreas exploradas que contrariam o Código Florestal original, quero ver como o nobre deputado que disse: "o Brasil é maior que o governo", irá se pronunciar.

Posso estar enganado, e quero estar, mas percebo uma articulação vinda da base do Governo Dilma querendo desestabilizá-la. Só posso imaginar que “forças ocultas” já bem conhecidas, estão querendo assumir a presidência, ainda neste mandato, como certa vez uma pessoa de um partido "aliado" me disse.

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Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.