segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carta dos Povos do Cerrado denuncia a grave situação desse bioma

Carta dos Extrativistas e Agroextrativistas do Cerrado diante da grave situação desse bioma e seus povos

À Sociedade Brasileira

Nós – extrativistas, agroextrativistas, agricultores familiares, assentados, mulheres quebradeiras de coco babaçu, vazanteiros, ribeirinhos, geraizeiros, retireiros e pescadores dos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Piauí, reunidos na cidade de Goiânia nos dias 1 e 2 de fevereiro de 2012, após avaliação e análise criteriosa do que vem ocorrendo nos cerrados brasileiros, vimos a público informar e exigir providências imediatas diante da grave situação que se encontra esse bioma e seus povos.

Para isso destacamos:

Até hoje, tanto o Executivo como o Legislativo sequer se dignaram a votar o pleito antigo dos Povos dos Cerrado de considerar nosso bioma como Patrimônio Nacional como são reconhecidos a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica. Por quê? Por quê?

Ignora-se que esse bioma detém mais de um terço da diversidade biológica do país?

Ignora-se que é no Cerrado que se formam os rios que conformam as grandes bacias hidrográficas brasileiras como a do São Francisco, a do Doce, a do Jequitinhonha, a do Jaguaribe, a do Parnaíba, a do Araguaia/Tocantins, do Xingu, do Tapajós e Madeira (da bacia amazônica), além dos formadores da bacia do Paraguai e do Paraná/bacia do Prata?

Ignora-se que estão relacionadas ao Cerrado as duas maiores áreas alagadas continentais do planeta, ou seja, o Pantanal e o Araguaia?

Ignora-se, como disse Guimarães Rosa, que o Cerrado é uma caixa d’água?

O que mais se precisa para reconhecer esse rico bioma como patrimônio nacional? Por que não? Por que não?

Ignora-se que esse bioma é o único bioma que tem vizinhança com todos os outros biomas brasileiros (com a Amazônia, com a Caatinga, com a Mata Atlântica, com a Mata de Araucária)?

Ignora-se que somente essas áreas de contato correspondem a 14% do território brasileiro que somados aos 22% do bioma Cerrado correspondem a 36% do nosso território?

Ignora-se que esses 14% do território de contato com o bioma Cerrado a outros biomas são áreas de enorme complexidade e ainda maior diversidade biológica?

Ignora-se que nessas áreas, particularmente, o conhecimento em detalhe, o conhecimento local, é de enorme valia e que o Brasil detém um acervo enorme desse conhecimento com suas populações camponesas, indígenas e quilombolas que, assim, se mostram importantes para a sociedade brasileira, para a humanidade e para o planeta?

Não se pode ignorar tudo isso que clama por reconhecimento. Exigimos tanto do Executivo quanto do Legislativo que reconheçam o Cerrado, enfim como Patrimônio Nacional. Mesmo assim cabe a sociedade brasileira e a humanidade indagar porque o Cerrado continua sendo esquecido.

De nossa parte, como populações extrativistas e agroextrativistas do Cerrado temos envidados nossos melhores esforços para que tenhamos uma política socioambiental, justa, democrática e responsável.

Aprendemos com nossos irmãos amazônicos, sobretudo com os seringueiros e seu líder Chico Mendes que não há defesa de nenhum bioma sem seus povos. É de Chico Mendes a máxima, “não há defesa da floresta, sem os povos da floresta”. Daí dizermos em alto e bom tom: Não há defesa do Cerrado sem os povos do Cerrado.

O conhecimento de nossos povos e etnias desenvolvido com o Cerrado é essencial para sua preservação. Com todo o respeito que nutrimos pelo saber científico sabemos que o conhecimento e a sabedoria desenvolvidos há milênios e séculos pelos camponeses e indígenas é um acervo fundamental que colocamos a disposição para um diálogo com qualquer outro saber.

Daí a convicção que temos da importância de nosso conhecimento, reconhecido por vários cientistas e pesquisadores do Brasil e do exterior, surgiu a idéia de lutarmos por Reservas Extrativistas no Cerrado. Desde o início dos anos 1990 que vimos nessa luta, sabemos que a política socioambiental não pode se restringir à punição e à fiscalização. Ela tem que ser propositiva e ser positiva. Para isso propomos as Reservas Extrativistas onde nosso conhecimento tradicionalmente desenvolvido pode contribuir para a preservação e conservação do Cerrado garantindo uma vida digna para seus povos. Todavia como andamos?

No balanço que fizemos nesses dois dias de trabalho intenso constatamos que nas 30 Resex’s, tanto nas já decretadas como nas que estão em processo de reconhecimento e regularização, a situação das comunidades foi sensivelmente deteriorada pelo completo descaso das autoridades, sobretudo em resolver o problema fundiário, esse nó estrutural que impede até hoje que a sociedade brasileira seja mais justa e feliz.

O fato dessas áreas terem sido decretadas ou estarem em processo de decretação sem que o problema fundiário tenha sido resolvido, tem feito com que os fazendeiros que deveriam ser indenizados pelo poder público, passem a impedir que a população local tenha acesso para a coletar o baru, o pequi, a fava d’anta, o babaçu e mais de uma centenas de outros produtos com que temos sobrevivido e oferecido à sociedade alimentos, remédios e bebidas.

Desde que o ICMBIO foi criado em 2007 nenhuma Resex foi criada no Cerrado. Olhado da perspectiva dos Povos do Cerrado o ICMBIO não faz jus ao nome de um dos nossos companheiros que morreu por sua justa luta, para afirmar um paradigma, onde a defesa da natureza não se faça contra os povos mas, ao contrário, se faça através deles. Em função dessa omissão das autoridades cuja responsabilidade pública as obriga a zelar pelo patrimônio natural, uma das entidades de nossa articulação entrou com uma ação pública civil junto ao Ministério Público. Todavia, passado 1 ano sequer nossa ação mereceu qualquer resposta por parte do Ministério Público, apesar de ser uma denúncia de prevaricação de um órgão público. A julgar pelos dados oficiais que nos informa que no último ano foram desmatados somente no Cerrado 646 mil hectares, o que perfaz um total de 1.772,33 hectares por dia, podemos dizer que a cada dia que o Ministério Público deixa de se pronunciar e, assim, de julgar o crime de prevaricação, deixa de evitar que mais de mil e setecentos hectares sejam desmatados diariamente. A palavra está com o Ministério Público enquanto a nossa realidade espera com devastação e insegurança. Tudo isso alimenta um lamentável clima de impunidade.

Ignora-se que muitos remédios que curam o glaucoma, a hipertensão arterial depende de frutos colhidos por nós, como é o caso faveira/fava d’anta de onde se extrai mais de 90% da rutina, substância química para esses remédios. Ignora-se, e por ignorância alimenta-se o preconceito, que essas populações podem viver dignamente dessas atividades, como provamos que numa área com 4 arvores adultas de baru se obtém mais renda do que em um hectare plantado com soja.

Enfim, precisamos ter uma política que dialogue com nossa cultura, com nossos povos para que se tenha um viver bem com justiça social e responsabilidade ecológica. Mas para isso é preciso que as autoridades viabilizem as Resex’s no Cerrado. Toda nossa mobilização encontra a desculpa pouco crível da falta de recursos. Bem sabemos que se há falta recurso é preciso estabelecer prioridades. Isso é fundamental na política. Desse modo, a falta de recursos acaba sendo a confissão pública de que as Resex’s no Cerrado não são prioridade. Mas sabemos que o argumento da falta de recurso é um argumento em si mesmo falso. Afinal, o governo tem anunciado publicamente sua eficiência no recolhimento dos impostos que a cada ano engorda mais a receita federal. O nosso governo tem anunciado ainda os sucessivos saldos, nas contas externas, como prova de seu êxito. Se tanto êxito há na entrada de divisas no país e no recolhimento de impostos da receita federal como se sustenta o argumento de que não há recursos?

Mais grave ainda, é o fato de que aqueles que como nós, vimos lutando por essas reservas extrativistas estamos expostos à truculência não só dos fazendeiros que nos impedem o acesso das áreas onde tradicionalmente colhemos, como também da expansão do latifúndio da monocultura de exportação de soja, da monocultura de algodão, da monocultura de eucalipto, da monocultura de pinus, da monocultura de girassol, da invasão de madeireiros, da expansão de carvoarias para fazer carvão para ferro gusa e exportar minério puro para mineradoras que vem crescendo sobre nossas áreas da pressão para a construção de barragens que, via de regra, servem de base para a exploração mineral para exportação. Todos esses setores foram nominalmente citados na avaliação criteriosa das ameaças de cada uma das Resex’s criadas e em processo de criação nos cerrados.

A truculência dos que ameaçam se concretiza na ameaça de morte aos nossos companheiros e companheiras que se vêem obrigados, tal e como na época da ditadura, a viverem escondidos longe de suas famílias. Exigimos das autoridades todas as providências para a garantia das vidas de Osmar Alves de Souza do município de São Domingos/GO; de Francisca Lustosa do município de Tanque/PI, Maria Lucia de Oliveira Agostinho, município de Rio Pardo de Minas/MG; Neurivan Pereira de Farias, município de Formoso/MG, Wedson Batista Campos, município de Aruanã/GO; Adalberto Gomes dos Santos do município de Lassance/MG; Welington Lins dos Santos, município de Buritizeiro/MG; Elaine Santos Silva, município Davinópolis/MA; José da Silva, município de Montezuma/MG.

Responsabilizamos antecipadamente as autoridades pelo que vier acontecer com a vida desses companheiros e dessas companheiras, cujo único crime tem sido o de lutar pela dignidade de suas famílias através da Resex’s. Não queremos que o nome desses companheiros e companheiras venha a se somar ao de Chico Mendes, ao de Dorothy Stang e aos quase 2000 assassinados no campo brasileiro desde 1985, conforme vem acompanhando a Comissão Pastoral da Terra. Temos todas as condições com as Resex’s de oferecer condições de vida digna, com justiça e equidade social com a defesa do Cerrado. Não queremos que nossas famílias venham engordar os dados estatísticos dos que dependem da bolsa família, ou outras bolsas para viver. Respeitamos essa política, até porque a temos como uma conquista do povo brasileiro, mas não vemos como bons olhos o aumento do número dos que vivem dela. A Resex é uma maneira mais sustentável de garantir a sobrevivência digna, como é a reforma agrária. Chico Mendes, dizia que a “Resex era reforma agrária dos seringueiros”. E nós afirmamos que a Resex é a forma de ampliar o significado da reforma agrária ao lhe dar sentido ecológico e cultural.

Este ano o Brasil estará recebendo não só governantes de todo o mundo como diversas populações de todo o planeta na Rio+20. Assim como nós, vários grupos sociais da África, da Ásia e na América Latina que vem sofrendo com avanço sobre suas terras de um agronegócio devastador e uma mineração voraz de minérios e água estarão também aqui presentes.

Esperamos que as autoridades brasileiras estejam a altura de suas responsabilidades de estarem à frente do maior país tropical do mundo e onde se encontram as maiores reservas de água do planeta. Que honre esse fato de ser a tropicalidade caracterizada pela enorme diversidade biológica e que ainda honre por zelar pelo enorme acervo de conhecimentos que está entre as quebradeiras de coco de babaçu, os vazanteiros, os retireiros, os caatingueiros, os pescadores, os geraizeiros para ficarmos com alguns grupos sociais dessa enorme sociodiversidade do Cerrado.

A diversidade biológica e a sociodiversidade, para nós indissociáveis, não podem continuar sendo retórica nos documentos oficiais, sem que haja o rebatimento no orçamento para garantia de solução da questão fundiária. De nada adianta falar de rica biodiversidade se não se garante no orçamento dinheiro para compra de terras.

Sabemos que nossas caras não são as caras que freqüentam as páginas nobres das principais revistas e jornais do país – somos em nossa maior parte mestiços, mulatos, cafuzos, negros, índios, brancos pobres muitas vezes com a cara suja de carvão. Sabemos que o Cerrado tem sido oferecido aos grandes latifúndios do agronegócio, que não só produzem muitas toneladas de grãos, de pasta de celulose, de carnes para exportação como também produzem muita poluição e muito desperdício das águas, produzem muita erosão, produzem monocultura onde há muita diversidade de plantas e animais e ainda produzem muito/as trabalhadore/as rurais sem terras com a concentração de terras e concentram poder econômico e político e, assim, contribuem para por em risco a democracia. Basta ver o poder que tem as empresas de mineração e dos agronegociantes para fazerem propaganda, financiarem noticiários nas rádios, jornais e TV’s onde, via de regra, somos criminalizados e vistos como aqueles que querem impedir o progresso, como se só houvesse uma maneira de progredir, e como se fôssemos o lado errado.

No entanto, estamos aqui cônscios de que temos muito a dar ao Brasil, à humanidade e ao planeta. Nossa luta não será em vão e, por isso, dizemos com o poeta:

“Nem tudo que é torto é errado,
veja as pernas do Garrincha
e as árvores do Cerrado”. Nicolas Behr

Viva o Cerrado!
Viva os Povos do Cerrado!
O Cerrado não vive por si só!
Que a Rio+20 seja a confluência dos diversos rios de resistência pela cultura e pela natureza!

Assinam:
- Rede de Comercialização Solidária de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado
- Resex Mata Grande, Davinopólis/MA
- Resex Lago do Cedro, Aruanã/GO
- Resex Recanto das Araras de Terra Ronca, São Domingos/GO
- Resex Chapada Limpa, Chapadinha/MA
- Resex Chapada Grande, Tanque/PI
- Resex Galiota e Córrego das Pedras, Damianopólis/GO
- Resex Contagem dos Buritis, São Domingos/GO
- Resex Rio da Prata, Posse/GO
- Resex Tamanduá/Poções, Riacho dos Machados/MG
- Resex Sempre Viva, Lassance/MG
- Resex Serra do Múquem, Corinto/MG
- Resex Barra do Pacuí, Ibiaí/MG
- Resex Três Riachos, Santa Fé de Minas/MG
- Resex Brejos da Barra, Barra/BA
- Resex Serra do Alemão, Buritizeiro/MG
- Resex Curumataí, Buenopólis/MG
- Resex Retireiros do Médio Araguaia, Luciara/MT
- Resex Areião e Vale do Guará, Rio Pardo de Minas/MG
- Cooperativa Mista de Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores, Vazanteiros e Guias Turísticos do Cerrado – COOPCERRADO
- Cooperativa Grande Sertão
- Cooperativa de Agricultores Familiares Agroextrativistas de Água Boa II
- Associação dos Moradores agricultores familiares de Córrego Verde
- Associação dos Retireiros do Médio Araguaia
- Associação dos trabalhadores da reserva extrativista Mata Grande/MA
- Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu
- Associação dos agricultores familiares trabalhando junto
- Colônia de Pescadores de Aruanã/GO
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Riacho dos Machados/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Lassance/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Buritizeiro/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Jequitaí/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Santa Fé de Minas/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Ibiaí/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Montezuma/MG
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Davinopólis/MA
- Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Tanque/PI
- Coordenação do Pólo Sindical do Pólo de Oeiras/PI
- Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado-CEDAC
- Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais – CAA
- Projeto Chico Fulô
- Universidade Federal Fluminense
- Federação dos Trabalhadores Rurais de Minas Gerais- FETAEMG
-- Ruben Siqueira
Comissão Pastoral da Terra / Bahia
Articulação Popular São Francisco Vivo
"Enseñemos a los niños a ser preguntones, para que se acostumbren a obedecer a la razón: no a la autoridad como los limitados, ni a la costumbre como los estúpidos. Al que no sabe, cualquiera lo engaña. Al que no tiene, cualquiera lo compra."
Don Simón Rodriguez, "El Loco", (1769 - 1854), pedagogo, filósofo, escritor, maestro y mentor del Libertador Simón Bolívar.

Mensagem enviado por Apolo Heringer/Fórum de Ongs Ambientalistas de Minas Gerais

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Com proposta de ser revogado, artigo que limita a cana não é respeitado - JM

O artigo da Lei Orgânica do Município que limita em 10% o total da área de Uberaba que pode ser ocupada com o plantio de cana-de-açúcar não está sendo respeitado. Quem garante é o vereador João Gilberto Ripposati (PSDB), afirmando que, “em verdade, hoje a ocupação já está em 17% (o que representa mais de 37% do terreno agricultável). A lei existe, se é inconstitucional ou não, está valendo, portanto, foi desrespeitada”. A legislação é alvo de um projeto do Executivo, o qual pede a sua revogação, sob a alegação de que não é constitucional.

No fim do ano passado o prefeito Anderson Adauto (PMDB) levou um grupo de usineiros para uma reunião na Câmara com os vereadores, quando lhes foi apresentada a proposição. Á época o interesse do Governo era de trazer o projeto a votação o mais rápido, logo nas primeiras sessões deste ano, contudo, a sua inclusão em pauta somente se dará após a realização de uma audiência pública. O evento foi solicitado por José Severino Rosa (PT), que tem como coautores o próprio Ripposati – cujo envolvimento com o meio ambiente é notório – e Lourival dos Santos (PCdoB).

A audiência será realizada no dia 28 deste mês, às 19h, no plenário da Câmara. Para o tucano, o momento será de debater com profundidade até esgotar o tema, sob todos os aspectos que envolvem a cana, levantando o que é bom e o que não é. “Temos que discutir a proteção do meio ambiente e da população. Queremos que o plantio respeite questões ambientais, porque o lençol freático está sendo contaminado com herbicida, agrotóxico”, aponta Ripposati, citando ainda que os canaviais estão muito próximos da área urbana, contrariando também lei que obriga a uma distância mínima de três quilômetros.

O vereador ainda pondera que a cana merece atenção especial dos governos, tem subsídios, incentivos, enquanto que as outras culturas não têm. Ele teme que em breve o alimento que é produzido no País fique muito caro e diz esperar que a população e entidades participem da audiência de forma cidadã, para discutir com maturidade. “A discussão é profunda e a Câmara pode dar uma grande contribuição à cidadania ao discutir o assunto”.

http://jmonline.com.br/novo/?noticias,6,POL%CDTICA,57299
 
Comentário:
Repararam na pressa do Prefeito e Usineiros em votarem a revogação da lei que limita a cana, valendo-se de reuniões secretas na própria Câmara Municipal, sem a participação de ongs ambientalistas e da população?
 
Acredito que o Prefeito comete um crime ao defender escancaradamente um setor em detrimento de outro, afinal, ele está a serviço do bem comum de uma comunidade, ou de um grupo econômico, político e mesmo defendendo interesses pessoais?
 
A gente diz que o neo fascismo está vindo com tudo nesse ínício de século e ainda tem gente que não acredita.
 
Publicamente a PMU admite que a cana já ocupa 17% da área total do município, que corresponde a mais de 37% da área agricultável, conforme matéria acima. No entanto, questiono esses 17%, pois se em 2007 o próprio Secretário de Agricultura admitiu para o Jornal O Estado de São Paulo que Uberaba já estava com 13% da área total para a cana, como que em 5 anos, aproximadamente, e com a entrada de novas usinas, essa área cresceu apenas 4%?
 
Em 2006, conforme mapa do Plano Diretor, a cana já ocupava 11,96% da área agricultável e 5,6% da área total do município de Uberaba. Ou seja, em 1 ano, a cana aumentou em 7,6% da área total, em um crescimento de 232%, estando assim, desde de 2007, irregular e ilegal, desrespeitando a legislação municipal.

PODEROSOS DA CANA DE UBERABA TENTAM CENSURAR AMBIENTALISTA




Veículos de comunicação sofrem ameaças de retaliação caso continuem dando espaço ao ambientalista Cacá Perez da Ong Voz do Cerrado, Presidente do TEU e Relator da Representação junto ao Ministério Público, para que o Prefeito e os Usineiros cumprissem a legislação municipal.

Tal retaliação vem acontecendo desde 2007. Empresas poderosas de televisão, na época, se esquivaram de fazer qualquer tipo de matéria contrária às usinas. Sabe-se que um de seus diretores é sócio de usineiro. Um outro canal de TV, que deveria ser estritamente cultural e de utilidade pública, também recebeu um "cala boca", e fui gentilmente convidado a não participar mais de entrevistas.

Infelizmente é essa a realidade de nosso país. O capital dita as regras, inclusive aquilo que podemos ou não ver e ouvir. É um "estado de sítio" velado, ou escancarado mesmo.

Agora, às vésperas de Audiência Pública sobre o assunto, a realizar-se no dia 28 de fevereiro na Câmara Municipal de Uberaba, a imprensa vem sofrendo novamente ameaças de retaliação pelos "senhores de engenho" do novo milênio, e pelo alcaide da cidade, caso continuem dando espaço para o ambientalista Cacá Perez, como já citei.

Em recente relatório apresentado à imprensa, analisei mapas do município com as Áreas de Preservação Absoluta, Área Urbanizada, Área de mananciais e Unidades de Conservação e as Áreas com Potencial Agricultável de baixa e média restrição, além dos crimes ambientais apresentados pelo Ministério Público e Polícia Ambiental, envolvendo as usinas de cana-de-açúcar. Não é preciso dizer que esse relatório foi engavetado, literalmente.

Esse relatório será postado aqui, em breve.
Mas nossa campanha continua através das Redes Sociais. Continuemos a votar na enquete do Jornal da Manhã "A FAVOR DO LIMITE DA CANA" http://jmonline.com.br/ , onde estamos vencendo com mais de 73% de adesão da comunidade.

Vamos dar um BASTA a esses verdadeiros fascistas, que se aproveitaram da militância de esquerda, para chegarem ao poder.

Vamos dar um BASTA ao capital selvagem desses "senhores de engenho" que se acham os donos do Brasil "Colônia". Acabaram com o Nordeste e querem acabar agora com o Sudeste.
Conto com o apoio de todos. Protestem também em seus blogs, redes sociais, e-mail...

POR UMA UBERABA SUSTENTÁVEL E DEMOCRÁTICA!
POR UMA MINAS GERAIS LIVRE, AINDA QUE TARDIA!

Cacá Perez
Ambientalista

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Com habitat ameaçado tamanduá se refugia na cidade


Foto: Jornal da Manhã

Infelizmente esta cena é o que temos visto com frequência em Uberaba. Animais se regugiando na cidade por terem os seus habitats naturais ameaçados. É a ocupação desordenada e a ganância pelo lucro a qualquer preço. Com a invasão da cana no perímetro urbano, a exploração sucessiva de outras culturas tornando o solo degradado, a averbação de Reservas Legais fora da nossa bacia hidrográfica, a destruição de nossas matas ciliares e nascentes, além de outros absurdos, não resta outra alternativa à fauna, ao menos àquela que conseguiu sobreviver, do que buscar a área urbana. Triste realidade da terra dos Caiapós, agora dominada pelos "bandeirantes" da modernidade, com seus tratores de esteira e venenos, onde o pior deles é da usurpação dos bens naturais do Planeta pelo "Homem civilizado" e suas "leis", onde sempre o mais forte, economicamente, vence.

Segue matéria de Jornal local: 

Tamanduá invade casa no Jardim Primavera

Militares do Corpo de Bombeiros de Uberaba foram acionados no fim da noite de segunda-feira (6) para capturar mais um tamanduá que invadiu uma residência. Este é o segundo tamanduá encontrado no perímetro urbano da cidade em menos de uma semana.

Desta vez o animal é da espécie mirim, foi encontrado na rua Laudourina Maria Jesus, bairro Jardim Primavera, e estava dentro de um armário na área de serviço do imóvel. Os bombeiros, utilizando equipamentos de proteção individual (EPI) e outros apropriados para a captura de animais, conseguiram dominar o tamanduá. Assim que foi capturado, os militares encaminharam o animal a uma área de preservação permanente, onde foi solto. (AM)

http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,5,POL%CDCIA,57031

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tucanos se manifestam em defesa da pré-candidatura de Fahim - por Renata Gomide - JM

Em correspondência encaminhada ao comando do PSDB/Uberaba, os tucanos Carlos Perez – o Cacá – e Lourival Bessa defendem a realização de uma ampla reunião com todos os filiados para discutir a pré-candidatura à sucessão municipal do ex-deputado Fahim Sawan, colocada por ele à revelia do partido. Para eles, os peessedebistas devem ser informados mais claramente sobre a situação e ter espaço para expor seus pontos de vista.

O documento já está nas mãos do presidente da agremiação, Luiz Cláudio Campos, que, segundo o músico e ativista ambiental Cacá Perez, se comprometeu em refletir sobre as ponderações dos correligionários e retornar com um parecer da direção municipal. A carta também se traduz em um ato de solidariedade ao ex-deputado, já que para os dois tucanos que a assinam, Fahim tem o direito legítimo de postular a pré-candidatura a prefeito de Uberaba.

Para sustentar tal afirmação, lembram que o ex-deputado obteve mais de 67 mil votos na disputa de 2008, além de seu histórico político de dez anos no PSDB e seus dois mandatos na Assembleia, “sempre ajudando na construção do partido”. Cacá e Lourival (professor e ex-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais) ponderam que tanto Maurício Cecílio (pré-candidato oficial da legenda) quanto Fahim são excelentes nomes a oferecer para a construção de uma política municipal.

Os dois sugerem inclusive a realização de prévias, conforme previsto no estatuto, para chegar ao consenso. Já o secretário-geral do PSDB/Uberaba, Gilberto Caixeta, voltou a descartar a pré-candidatura de Fahim, lembrando que a decisão do partido foi tomada e comunicada ao próprio ex-deputado e também publicamente. “Não têm o que insistir”, afirmou, mas admitindo que a situação gera desgaste, sem contudo ser o bastante para comprometer o nome já apresentado pela sigla.

Fonte: http://jmonline.com.br/novo/?noticias,6,POL%CDTICA,56629

Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.