quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sociedade civil denuncia ataque à legislação ambiental

O Instituto Ethos e organizações não governamentais denunciam em carta intitulada Código Ambiental Ruralista e divulgada nesta terça-feira (27/10) o descaso do Congresso Nacional com as questões ambientais e repudiam flexibilizações na legislação ambiental. Leia o texto na íntegra.


Código Ambiental ruralista

A Câmara dos Deputados instalou recentemente uma Comissão Especial criada para analisar as propostas de alteração do Código Florestal, incluindo o projeto de Lei de Código Ambiental de autoria do presidente da Frente Parlamentar Ruralista e que pretende revogar e alterar as principais leis ambientais brasileiras: lei de crimes ambientais, Código Florestal, lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e lei da Política Nacional de Meio Ambiente.

O processo de instalação dessa Comissão, que levou a uma composição notoriamente tendenciosa, formada por maioria de membros da bancada ruralista e que, portanto, não representa a diversidade de setores da sociedade brasileira interessada na sustentabilidade do nosso desenvolvimento, aponta para intenções retrógradas de eliminar direitos e flexibilizar garantias socioambientais conquistadas ao longo dos últimos 21 anos de vigência da Constituição Federal brasileira de 1988.

Nos últimos meses o governo brasileiro e o Congresso Nacional tomaram decisões temerárias sobre a legislação ambiental. A revogação da legislação da década de 1990 que protegia as cavernas brasileiras; a aprovação da MP 458 que incentivou a grilagem de terras, a concentração fundiária e o avanço do desmatamento ilegal na Amazônia; a edição do Decreto 6848, que, ao estipular um teto para a compensação ambiental de grandes empreendimentos, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal, que vincula o pagamento ao grau dos impactos ambientais.

Além disso, o governo brasileiro tem negligenciado a política ambiental, mantendo paralisados na Casa Civil da Presidência da República várias propostas de criação de unidades de conservação.

As organizações da sociedade brasileira abaixo assinadas denunciam esse ataque à legislação ambiental. É inaceitável que às vésperas da reunião da Convenção de Clima, em Copenhague, momento em que o Brasil discute compromissos de redução do desmatamento, e das emissões de gases causadores do efeito estufa, o Congresso Nacional tente promover retrocessos na legislação ambiental.

Os compromissos de redução de desmatamento que o Brasil assumiu não serão alcançados e as áreas hoje ambientalmente comprometidas jamais serão recuperadas se o marco regulatório existente for desconfigurado, como propõe a Bancada Ruralista com a conivência e o apoio da base do Governo no Congresso Nacional.

Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável – FBOMS, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Grupo de Trabalho Amazônico - GTA, Rede de ONGs da Mata Atlântica - RMA, Fórum Carajás, Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro – APEDEMA-RJ, Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Associação Alternativa Terrazul, Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida - APREMAVI, Associação dos Produtores Florestais Certificados da Amazônia (PFCA), Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC, Centro de Estudos Ambientais – CEA, Ecologia & Ação – ECOA, Fundação Vitória Amazônica - FVA, Greenpeace, Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA, Grupo de Defesa e promoção Socioambiental - GERMEN, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC, Instituto Centro Vida – ICV, Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC, Instituto Floresta Tropical (IFT), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA, Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON Instituto Ipanema, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM, Instituto Socioambiental - ISA, Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande - ISABI , 4 Cantos do Mundo, MAB - Movimento dos Atingidos por Barragem, MMC - Movimento de Mulheres Camponesas, MST - Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais, MIRA-SERRA, Movimento pela Despoluição, Conservação e Revitalização do Rio do Antônio – MODERA, Preserve Amazônia, Programa da Terra - PROTER, TNC, WWF Brasil, Vitae Civilis - Instituto para o Desnvolvimento, Meio Ambiente e Paz.
1 de outubro de 2009
ISA, Instituto Socioambiental.


O VOZ DO CERRADO endossa também este documento.

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Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.