segunda-feira, 5 de junho de 2017

O começo do fim da era "Trump".

A cultura de dominação sobre a natureza, e seu modelo predatório, ambiental, social e cultural, sinalizou o começo de seu fim, com o anúncio do Presidente Donald Trump em relação à saída dos EUA do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, justificando que "fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não Paris".
Em uma demonstração de completa insensibilidade e irresponsabilidade sobre o mérito e significado do acordo, Trump foi criticado pelo próprio prefeito de Pittsburgh, Bill Peduto, que disse irá garantir “as diretrizes do Acordo de Paris para nosso povo, nossa economia e futuro", assim como tem sido duramente criticado pelos líderes de todo planeta, além é claro da opinião pública mundial, isolando Trump e seus defensores, à categoria de uma “espécie em extinção”, incompatível com o ideal de sustentabilidade para o terceiro milênio.
No século XVIII o economista britânico Thomas Malthus, alertava para o crescimento demográfico em “escala geométrica”, enquanto a produção de alimentos para a subsistência crescia em “escala aritmética”. No entanto, embora as técnicas de produção inovaram a cultura da terra, ampliando sua produtividade, por outro lado a distribuição desigual de renda, a exclusão social, a destruição e aculturação dos povos nativos e a destruição ambiental se multiplicaram assustadoramente.
Marx e Engels tratariam sobre os modos de produção e a força de trabalho que opera os meios de produção –, determinando os aspectos políticos, ideológicos e culturais dessa sociedade”, onde o homem muda não só a natureza, mas a sim mesmo; o historiador Eric Hobsbawn citaria sobre o ciclo capitalista “antinatural” que se impunha; e o sociólogo polonês Zigmunt Bauman, destacaria o termo “precariado”, impondo a precarização sobre a força produtiva do “proletariado”, ou classe trabalhadora.

Nosso antropólogo Antonio Cândido estudou a implantação do “Plano Nacional de Desenvolvimento” iniciado nos governos militares, e continuado pelos governos civis, com a destruição da “cultura do caipira e rústica”, pela cultura dos “latifúndios agroexportadores”, reduzindo-os à “boias-frias”, com “excedentes populacionais não incorporados à industrialização”, marginalizados diante da promessa de “crescimento econômico” sem levar em conta o desenvolvimento social, ambiental, cultural, além dos povos nativos, em risco de extinção.

Essa tese de crescimento econômico predatório, enfim começa a cair por terra, simbolizado pela inconsequente atitude de Trump, presente porém, no dia a dia do planeta, seja nos países industrializados como a China, maior poluidor mundial – mas que reafirmou os compromissos do acordo de Paris –, seja nos países em desenvolvimento como o Brasil, que destrói sua biodiversidade e seus recursos naturais de forma criminosa e inconsequente.

É certo, no entanto, a antítese de que uma nova era de sustentabilidade está posta, onde investir em energias limpas e de menor impacto ao meio ambiente, tragam também desenvolvimento social, econômico e ambiental; onde a cultura da “dominação sobre a natureza” e da “dominação do homem sobre o homem”, sejam substituídas pela cultura da “integração à natureza”, já que somos parte dela e filhos da Mãe Terra, e da “solidariedade entre os povos”.

O ser humano ameaça sua própria existência no planeta, muito mais pela lógica utilitarista e egoísta na defesa de sua própria sobrevivência, e se questiona e modifica seu modo de produção em relação aos impactos ambientais, não é pelo respeito, integração e valorização da própria natureza, dos seres vivos, biodiversidade, recursos naturais e culturas nativas, infelizmente.

Há milhões de “Trump” ainda pelo planeta, países, estados, municípios, utilizando o poder público e privado para manter um modelo falido de crescimento econômico predatório, insustentável, autoritário e manipulador das mídias e da opinião pública.


Que neste dia mundial do meio ambiente possamos refletir sobre esse novo paradigma do terceiro milênio que se inicia; o começo do fim de uma era de exploração, para o início de uma era de integração e solidariedade, refletindo sobre as mudanças que queremos, podemos e devemos fazer, em relação a nós mesmos e ao mundo do qual somos parte; em nossa ética pessoal, social e ambiental.

Carlos Perez
Ambientalista e Coordenador do Portal Voz do Cerrado

Um comentário:

cleofas disse...

Fico feliz de ouvir alguém, claro, dizer, porque sentimos os efeitos da destruição do patrimônio histórico, aqui em Conceição das Alagoas/MG, de modo direto, porque moramos no meio de um mar de canas. Mas sentimos falta de dados informativos, mais concretos, que direcionem nossa ação nessa luta. Sinto que a poesia da música, imagem ou literatura não alcançam o nível de percepção da população mais envolvidas nisso, estas mesmas, que poderiam fortalecer a voz contra isso. Na verdade, precisamos de lideranças decentes, comprometidas com a cidadania, e não políticos nojentos e oportunistas.
A usina representa mais do que um efeito colateral do desenvolvimentismo atual, digo, é algo que remonta à liga dos Camponeses, em Vitória de Sant'Antão/PE, nos anos 50, a morte de João Pedro Teixeira, assassinado pelos latifundiários em 1962, à perseguição de da. Elisabeth, sua mulher, que foi exilada em seu próprio país por 17 anos, obrigada a abandonar seus 11 filhos. São heróis verdadeiros, movidos por uma coragem muito brasileira, mas que foi sufocada pela ideia de realização ianque, através do aparelho escolar, como nos dá testemunho a letargia cultural do meio universitário contemporâneo.
Talvez você não publique meu comentário pelo que vou dizer agora — Espero que não faça isso — mas a liderança espúria de Lula e seus comandados, ainda é cogitada — depois do mar de lama em que nos lançaram — por falta de heróis como estes que citei. Agora, uma reflexão pra mim mesmo nisso: tento descobrir se da. Elizabeth está viva, talvez esteja mesmo, com 92 anos. Porque ninguém, nem mesmo os petistas, que se beneficiariam disso, reconhecem o valor dessas pessoas? Talvez seja mais difícil do que pensamos, por uma questão de que merecemos os políticos que temos.
Antônio Cleofas de Oliveira Bezerra
Vila Barroló – Cerrado Mineiro

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barrolo.com

Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.