segunda-feira, 22 de março de 2010

Que o Verde nos perdoe...

Hoje é o Dia Mundial da Água e o início da Semana Nacional da Água. Criadas, respectivamente, há 18 anos pela ONU e há 8 anos no Brasil, são motivos mais de preocupação e alarme do que de comemoração.
No Ano da Biodiversidade, promulgada também pela ONU, o que nosso país e nossa cidade têm feito para sairem desse quadro crítico?
O que vemos são empreendimentos que atentam contra a democracia. De um lado a transposição do Rio São Francisco, que está sendo realizada de forma autoritária, sem ouvir os Comitês de Bacia e por último a Usina de Belo Monte, que segue esse mesmo padrão, sem ouvir as comunidades nativas, a dezena de povos indígenas, professores universitários, ambientalistas.
Aqui em Uberaba segue a cartilha. O Plano Diretor e a Lei Orgânica do município foram alterados para atender interesses econômicos e políticos, ignorando os "abaixo-assinados" da população e a representação do Ministério Público em relação à cana-de-açúcar, citando apenas um exemplo.
Com "uma mão" divulga-se na mídia campanhas educativas, mas "esquece-se" de mostrar o que "a outra mão" está fazendo.
O Brasil é o campeão no consumo de veneno agrícola. Grande notícia para as nossas nascentes, afluentes, riachos, rios, espécies aquáticas e para nós e todos os seres vivos que se alimentam dessas "águas".
O governo municipal planta árvores na cidade mas permite um ecocídio no campo, avalizando e incentivando usinas e monoculturas que agridem nosso cerrado há décadas.
No Brasil e por aqui, a cúpula ruralista quer "flexibilizar" o Código Florestal, diminuindo reservas legais; averbando áreas fora da bacia hidrográfica e outros absurdos, que só diminuirão as reservas naturais e a biodiversidade, em nome do "desenvolvimento".
Enquanto isso no "primeiro mundo" começou a "cair a ficha", investindo na preservação de nascentes, mananciais, deixando de gastar 10 vezes mais com a remediação no tratamento dessas águas, se não fossem preservadas em sua origem.
Por aqui a meta é "avançar e produzir", o que na verdade significa ampliar a destruição, como se o problema do alimento não fosse a distribuição e o preço mínimo ou subsídio que deveríamos dar ao pequeno produtor, ao invés de combatermos os subsídios externos.
Se nem o homem, que já é do campo, não consegue permanecer por lá por falta de uma política agrícola sustentável e justa, que dirá daquele que nem preparo tem para lidar com a terra.
Enquanto isso a pasta de meio ambiente no planalto vai cedendo às tentações do poder.
Aqui na terrinha ao menos houve mudança de gestor. O atual, Carlos Assis, participou do governo Wagner do Nascimento, e como fui um dos participantes do CODEMA na época, me senti um pouco contemplado (já que o Anderson nunca vai querer saber o que nós ambientalistas pensamos). Faço votos que faça um bom governo e que nos ouça, pois o último gestor não tinha muita abertura com os ambientalistas.
Finalizando, nunca é demais chamar a atenção para o papel da mídia. Infelizmente são raríssimos os veículos de comunicação que ouvem o "outro lado" dos ambientalistas e da comunidade em geral. Na sua grande maioria é uma imprensa "marrom" que está subjugada aos mandos e desmandos do poder político e econômico, tanto do executivo quanto do legislativo, e o povo assiste, lê e ouve a tudo com "cara de tacho".
Mas é assim mesmo. O que manda no mundo é o interesse do capital.
Assim, quem tiver mais grana que compre uma "água saudável e potável" (se existir) e que não tiver tome "água do CODAU".
Parafraseando o Hélio Siqueira (artista plástico) só posso então dizer: QUE O VERDE NOS PERDOE!!!

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Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.