quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

QUEM FOI DONA APARECIDA? por François Ramos - JM



Hoje existe um número infindável de livros indicando o que não podemos deixar de fazer em nossas vidas: cem filmes para ver, cem livros para ler, cem cd’s para ouvir. Pois eu acredito que devemos pensar um pouco além, e, listar as pessoas e exemplos que devemos conhecer.
Aparecida Conceição Ferreira, a Dona Aparecida do Pênfigo, é sem dúvida, ao lado de Chico Xavier, um dos grandes legados que Deus deixou para a humanidade. Dois uberabenses de alma que edificaram exemplos reconhecidos pelo mundo afora.
Deus parece estar reunindo no céu um exército dos puros de coração. Se assim o for, Dona Aparecida é mais um grande reforço para essa infantaria do amor. Aos 95 anos de idade ela transcende a matéria e deixa para Uberaba e para todas as almas generosas, a missão de continuar sua obra.
O Pênfigo é caracterizado pelo aparecimento de bolhas na pele e nas membranas mucosas, como a boca, a vagina e o pênis. A gravidade e a aparência dessas feridas lhe atribuíram outro nome: Fogo Selvagem. Numa época em que boa parte da sociedade considerava esses doentes repugnantes e intratáveis, Dona Aparecida deixou seu amor por eles crescer e lhe dar a força necessária para poder ajudá-los.
Uma guerreira, que munida de humildade percorreu São Paulo inúmeras vezes em busca de ajuda. E Deus a iluminou. Encontrando almas que compartilhavam de seu ideal de carinho e amparo aos necessitados, conseguiu os recursos necessários para edificar o Lar da Caridade e o Hospital do Pênfigo.
Se a sociedade tinha medo, Dona Aparecida atropelava o preconceito e dava exemplo. Com passos firmes e cheios de amor ela percorria diariamente todos os leitos, amparava os doentes e seus familiares. Ofertava-lhes afeto e carinho. Cuidava e lavava as feridas de pessoas desconhecidas.
Dona Aparecida foi criada por um tio e sempre trabalhou para ajudar na manutenção da família: vendia doces, frutas e verduras. Engana-se, contudo, aquele que acredita ser esse um passado pobre. Na realidade, foi o início da edificação de uma fortaleza de amor. Dona Aparecida casou-se com Clarimundo em 1934 e arregaçou as mangas, começou a recolher crianças de rua para criar.
Um acidente com o marido a fez trabalhar ainda mais se desdobrando para não faltar alimento em casa. Ela trabalhou como professora rural na cidade vizinha de Nova Ponte e retornando a Uberaba começou a trabalhar como enfermeira técnica na Santa Casa de Misericórdia.
Quando surgiram naquela instituição de saúde os portadores do Pênfigo, sua missão mais bela se iniciava. Rotulados com o preconceito, aqueles que tinham o fogo selvagem foram expulsos da instituição por sua diretoria. Dona Aparecida, então abandonou a Santa Casa e os doentes a acompanharam. Ela os levou para sua própria casa. Os filhos e o marido mandaram que ela escolhesse entre eles e os doentes. A resposta todos a conhecem.
Com muita luta e a força que Deus lhe concedeu para cumprir sua missão, Dona Aparecida ergueu seu exemplo de humanidade. Cuidou daqueles que precisavam de sua ajuda. Venceu o preconceito e jamais foi indiferente às dificuldades que a vida ofertava. Com a sua coragem e o seu amor pelo próximo, ela fez com que todos nós aprendêssemos o significado da palavra solidariedade.
Ela se foi, é verdade. Mas seu exemplo e sua obra ficam. Agora é respeitar seu legado e garantir que ele não se perca ante ao nosso comodismo.

(*) jornalista, advogado e professor universitário

Um comentário:

Anônimo disse...

Não há dúvida que precisamos conhecer e seguir exemplos como o de Dona Aparecida. É preciso não só lembrar o ensinamentos de Cristo, mas colocá-los em prática como ela fez.

Charge do Toninho

Charge do Toninho

"AQUILO QUE NÃO PODES CONSERVAR NÃO TE PERTENCE"

Excelente frase divulgada na coluna FALANDO SÉRIO de Wellington Ramos do JM. Espero que muitos ruralistas e políticos a tenham lido.