Nestas tardes quentes, redemoinhos de poeira sobem ao céu elevando bem alto palhas e folhas secas queimadas pelas últimas gadas de um inverno que já se vai.
Muitas arvores e arbustos já dão mostras de brotação nova prenunciando a Primavera no chapadão, embora predomina ainda o amarelo palha do capim seco se estendendo ao longe.
Mês de Agosto das tardes fumarentas! O sol como um enome disco vermelho alaranjado declina rumo ao horizonte ofuscado pelo céu enfumaçado da época. Tal cenário traz uma sensação de angústia, de abandono e de secura, principalmente guando se ouve o canto agourento de uma acauã desgarrada se despedindo da tarde pousada numa sucupira preta( Boldwchia virgiloides).
As vêzes por outra também se ouve o canto solitário de uma perdiz na vereda mais próxima, se escondendo por entre os covoais. Como a saudade sorrateira, ela pia numa moita e se esconde numa outra fingindo que não piou! Aquí e acolá, o esplendor dos ypês amarelos...
Ah! Ypê florido ypê amarelo!Eu tô tristi cumu quê!
Meu amô mutou a cavalo
E foi prá esse mundão afora.
Diz que foi prá inrriiquecê
Mas eu não aquerdito
Ypê amarelo Ypê florido
Eu já tô prá indoidecê!
i onti ao pôr do sol cuma sôdade danada
Eu garrei a chorá e dispois num ví mais nada!
Acordei num catre véio cum médico a mim oscurtá
E com tudo a sua sapiência me disse prá num mais chorá!
De certo ypê amarelo ypê florido!
Esse Dotô nunca teve seu amô
Me receitô três porçâo
Sem sabê quisso e mar do coração!
Mais eu sei que vou morrê!
Ypê amarelo ypê florido
Vou te pedí um favor
Prá infeitar meu caxão
Quero tudo as suas flor!
Vou pedir prá todo mundo
Prá botar o meu caxão
De baixo da sua copa
Prás flor não espraiá pelo chão!
Pois é meus amigos; a gente "ainda" pode olhar algum remanescente do cerrado, adimirar suas flores e fazer poesia, mas os que virão depois de nós? Será que essa insenssatêz do Código florestal empetrado pelos trocloditas ruralistas vai permitir isto?
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