O Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci.
A distorção do antropocentrismo ou o seu esgotamento - o homem como centro do universo em contraposição ao teocentrismo, e a soberba do especismo - a espécie humana como a mais importante do planeta e com direitos de explorar e matar outras espécies, colocou nosso planeta em colapso ambiental e social.
O modelo utilitarista - de justificar a existência dos recursos naturais, dos seres vivos e coisas, de tudo enfim, para que se cumpra uma utilidade e fim para o ser humano, também já se esgotou. A revolução industrial e seu apogeu e o modelo de sociedade contemporânea estão deixando um passivo ambiental e social que irá permanecer por séculos, milênios ou mais.
Nessa visão equivocada o que mais ouvimos é: "salvem o planeta", como se não fossemos parte dele, filhos da Mãe Terra, irmãos de todos os outros seres, partes de um só corpo azul suspenso no cosmos.
Quando Protágoras há mais de 2.400 anos disse que "o homem é a medida de todas as coisas", certamente não imaginou que chegaríamos a esse caos de utilitarismo exacerbado e radical de Gaya, do Planeta Terra, dos recursos naturais, da biodiversidade, das coisas e das pessoas.
A Terra porém, com seus 4,5 bilhões de anos - ao menos é o que se sabe até agora - irá permanecer diante de todo o caos, ainda que toda a vida desapareça. Infelizmente centenas de milhares de espécies da fauna e flora já foram extintas pelas mãos e cérebro do "homem", "animal racional", que seria originário do "homo sapiens" e que está no planeta há cerca de 350 mil anos, segundo a ciência.
Minha preocupação é que o "homo culturalis"- dimensão cultural do homem - se adapte ao meio ambiente degradado, e torne sua vida cada vez mais artificial, virtual, imaginária e desagregada da realidade natural.
São necessários 1.700 litros de água para se produzir 1 kg de açúcar, 15.500 litros de água para se produzir 1 kg de carne bovina, mais de 2 mil litros de água para se produzir 1 kg de arroz, mais de 17 mil litros de água para se produzir 1 kg de chocolate. Em média 70% da água dos municípios são utilizados na agricultura e pecuária, 20% na indústria, 10% para o consumo humano, lembrando óbvio que no primeiro e segundo casos grande parte da água vem em forma de alimentos.
O PSA - Pagamento de Serviços Ambientais aos produtores rurais, com incentivo à preservação das áreas verdes e corredores ecológicos para a fauna; o IPTU Verde com incentivo à captação e reutilização da água da chuva; revitalização de áreas verdes e permeáveis na área urbana - Uberaba por exemplo tem 93% de área impermeável (asfalto, cimento, telhado por exemplo) e apenas 7% de área permeável, segundo dados do engenheiro florestal Rafael Cunha; fiscalização e proibição do cultivo da cana no perímetro urbano, em ação de iniciativa popular aprovada nas três instâncias TJMG, STJ e STF, desde 2008; macrozoneamento agrícola já previsto na Lei Orgânica do município, incentivando os hortifrutigranjeiros e a agricultura familiar são alguns exemplos simples e eficazes para construirmos um dia, uma Uberaba sustentável.
O ecocentrismo e o holismo são exemplos de paradigmas possíveis e necessários para a ruptura dos modelos autodestrutivos vigentes, onde a pegada ecológica que a civilização deixará no planeta será solidárias e em forma de gratidão à Mãe Terra e ao Criador, contribuindo para o futuro das novas gerações de todos os seres vivos e preservação dos recursos naturais.